domingo, 10 de dezembro de 2017

No clima

É uma atmosfera única e muito especial. São cenas que todo ano se repetem, invariavelmente. As casas de veraneio ganham os últimos retoques para receber os visitantes. Empreendedores sazonais e aqueles que "seguram o rojão" durante a "baixa temporada" também dão uma mão de tinta nas paredes e checam o estoque para abrirem as portas. Apesar dos pesares, dessa nuvem densa e depressiva que paira há muito sobre o país, nossa gente se esforça para sorrir à espera dos dias quentes, coloridos e felizes do verão. É aquele frenesi que se aproxima. Carros, pessoas, sons e um marcante cheiro de protetor solar e milho cozido pelo ar.

Saudosistas de um tempo que tem cadeira cativa na memória, sabemos que certos lugares e até mesmo muitos costumes não voltam. Foram engolidos pela ambição desvairada ou mesmo por algumas ações desastrosas, em que pesem as boas intenções, mas também pelo monstro pós-moderno, esse mesmo que não se preocupa com a posteridade, cujos valores estão presos ao instantâneo. O que vale é o agora e nada mais. O instante seguinte, não sabemos. A memória sobre tudo isso, muito menos. Mas, somos teimosos. Românticos, diriam alguns. Bobos, iludidos, quem sabe. Tudo bem, insistimos porque uma convicção nos acompanha: não preservar a memória é o mesmo que não preservar nosso lugar, nossas origens e aquilo que nos faz bem. E quem é que, em sã consciência, quer se sentir mal?

Lembramos dos momentos que, de alguma forma, nos fazem bem. Nossa missão é provocar suspiros - alguns doídos -, sorrisos, lágrimas de saudades e vontade de viver em felicidade. Ainda lembramos daquilo que tem potencial para nos ensinar, provocando a reflexão de forma a evitar a ocorrência das citadas ações desastrosas. Mas lembramos também que podemos colocar o pé no freio e resistir ao monstro. Quando ele chegar com a urgência e a sua fome por velocidade, que pensemos em prosear, em gargalhar, em cultivar o tête à tête. Em ficar nas calçadas com boas companhias, madrugar ao som de um violão e curtir a brisa única do nosso lugar. Teremos, então, novas memórias. Memórias maravilhosas de uma Marataízes que, sim, a um novo modo, pode ser cada vez mais queridas por todos.


Essa turma aí, posando em um "buggy", entre algumas pranchas de surf, guarda lembranças mágicas desse verão de 1986. Não há dúvida disso. E essa imagem nos coloca no clima. Vamos fazer um verão de grandes memórias!